SLB 2017

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sábado, 6 de novembro de 2010

Um dia

Um dia pegas-me na mão e levas-me.
Levas-me para lugar nenhum, levas-me sem destino.
Levas-me contigo, só, sem mais nada.
Um dia deixamos tudo e fugimos juntos.
Um dia andamos, andamos, andamos por aí.
E rimo-nos.
Como se nada mais existisse além de nós e da nossa presença.
Um dia perdemos a timidez e dançamos no meio da rua, descalços e sem música.
Dançamos ao nosso som; eu fecho os olhos e tu conduzes-me.
E fazes-me rodopiar, em bicos de pés, para te acompanhar.
E agarras-me.

Um dia devoro-te as palavras.
Um dia interrompo-te, para te dizer que gosto de ti.
Noutro dia deixo-te falar e presto a máxima atenção; um dia vais para falar e eu calo-te com um beijo; noutro dia confundo-te com um a meio de uma frase.
Um dia deixo-te sem saberes o que dizer. Pelo lado bom.

Um dia ficamos à chuva, no jardim, parados, a sentir as gotas.
Outro dia ficamos à sombra a refrescar do sol quente.
Um dia o mar será só nosso.
E o céu.
Um dia mergulhamos no mar de noite e voamos de dia.
Um dia enrolamo-nos com a areia nas ondas da praia ao sabor do vento, do sol e do sal.

Um dia abraças-me e não largas.
Um dia ficas comigo depois da hora de ir embora, e não vais.
Um dia hás-de não ir embora, e ficar.
Um dia as nossas chaves entrarão na mesma fechadura.
E aí o que é teu será teu, o que é meu será meu, mas o que é nosso será junto.

Um dia hás-de cumprir tudo o que prometeste: todos os locais e os momentos e o tempo e os beijos e a vida.
Um dia serás como sempre quiseste ser.
Um dia dirás tudo o que deixaste por dizer.
O que dizes não será só o que dizes, mas será o que fazes.

"Gentilmente roubado do post da minha filha Catia"

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