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domingo, 10 de outubro de 2010

O miúdo que brinca com as fotografias

André Boto, o miúdo que brinca com as fotografias


Tem 25 anos e tornou-se Fotógrafo Europeu de Ano graças às imagens que faz com o photoshop. Cada uma vale entre 700 e 1400 euros.


Odestino de André Boto decidiu-se aos 18 anos, quando os pais lhe ofereceram uma máquina fotográfica pelo aniversário. Era digital, sem zoom, com 2 megapíxeis. Deram- -lha porque foi o que ele pediu. Apenas porque "tudo o que queremos nessa idade é demasiado grande para pedir". Sete anos depois, é o Fotógrafo Europeu do Ano.

No final de Setembro, a Federação Europeia de Fotógrafos deu-lhe este título graças à imagem de um castelo suspenso. Um projecto que começou num curso de fotografia conceptual e que já lhe dera os prémios de Qualified European Photographer (QEP) e Master QEP. "Ele tem vivido de ganhar prémios", conta Carlos Marques, fundador da Oficina da Imagem, escola onde André Boto aprendeu a arte.

"Foi de longe o melhor aluno em 30 anos de escola. Se tivéssemos de dar notas, seria o único a ter 20", elogia o "mestre". "Distinguia-se em tudo, e a chatice era essa", ri-se Carlos Marques. Mas acaba por emocionar-se quando fala da humildade do aluno. "Podia já estar armado em parvo com estes títulos..." Mas não. "Sou calmo e não gosto de problemas. Nem de criá-los, nem de vivê--los", resume o jovem.

André Boto já amealhou cerca de 70 prémios, mas estes últimos dão-lhe apenas prestígio. "Os outros é que têm ajudado financeiramente", conta, referindo-se àqueles que não aparecem nos jornais. 500 euros aqui, 750 ali permitiram--lhe ir vivendo. E os contratos que foram surgindo. O primeiro deles, no dia em que recebeu o diploma da escola: fazer 60 fotografias de 60 medicamentos.

Depois vieram as exposições e a possibilidade de vender a sua arte. Actualmente pede 1400 euros por uma obra premiada e 700 por uma não medalhada. "Já me disseram que estava barato e que devia aumentar os preços", admite. E também já o aconselharam a reduzir o número de cópias que faz (actualmente são dez) de cada fotografia.

Mas isto é agora, que em miúdo André queria era brincar com a consola e os berlindes e jogar basquete. "Cheguei a ser federado, mas torci um braço..." e lá se foi a carreira. "Não sabia o que queria ser quando fosse grande. A minha vida era jogar basquete e desenhar. Comecei a pensar em Design". A escola não era uma grande preocupação e o 11 bastava- -lhe. "Era bom a tudo o que tivesse a ver com artes, a matemática é que não", lembra desses tempos em Sines, onde viveu até ir para Beja estudar Artes Decorativas.

"Tive o meu primeiro 20 na universidade", ri-se enquanto pensa no desenho que lhe deu esse recorde. O gosto pela fotografia foi aumentando e chegou a pensar interromper o curso. Não o fez e hoje dá graças a Deus por isso.

Claro que teve de comprar outra máquina, e como a brincadeira lhe estava a sair cara, começou a participar em concursos. Terminado o curso, descobriu a Oficina da Imagem, rumou a Lisboa e conquistou os professores. "Normalmente, um artista coloca no currículo que foi aluno de fulano tal. Eu vou passar a dizer que fui mestre dele", orgulha-se Carlos Marques, para quem o futuro do pupilo passa pelo estrangeiro. "Portugal é pequeno demais para ele."

por SOFIA FONSECA (DN)

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